Biografia de Maquiavel

Biografia de Maquiavel

Nicolau Maquiavel – Itália
Personalidades - Filósofos - Itália - NICOLAU MAQUIAVEL*
Florença, Itália – 03 Maio 1469 d.C
+ Florença, Itália – 20 Junho 1527 d.C

Maquiavel exortava o Príncipe a se adequar às representações de virtude do povo que pretendia dominar.

Maquiavel nasceu em Florença, na Itália, no ano de 1469. Seu pai era advogado e membro de uma proeminente família italiana.

Segundo o historiador Garin, a família de Maquiavel não era aristocrática nem rica. Seu pai, advogado como um típico renascentista, era um estudioso das humanidades, tendo se empenhado em transmitir uma aprimorada educação clássica para seu filho. Maquiavel com 12 anos, já escrevia no melhor estilo e, em latim.

São escassa as informações sobre Maquiavel até ele entrar no serviço da República de Florença, após a queda do governo clerical de Savonorola.

Nicolau Maquiavel apesar do brilhantismo precoce, só em 1498, com 29 anos exerce seu primeiro cargo na vida pública. Foi nesse ano que Nicolau passou a ocupar a segunda chancelaria. Isso se deu após a deposição de Savonarola, acompanhado de todos os detentores de cargos importantes da república florentina. Nessa atividade, cumpriu uma série de missões, tanto fora da Itália como internamente, destacando-se sua diligência em instituir uma milícia nacional. Serviu na administração da República de Florença, de 1498 a 1512, na segunda Chancelaria, tendo substituído Adriani, e como secretário do Conselho dos Dez da Guerra (Dieci di Libertà et Pace), a instituição que na Signoria tratava da guerra e da diplomacia.

Mais de quatro séculos nos separam da época em que viveu Maquiavel. Muitos leram e comentaram sua obra, mas um número consideravelmente maior de pessoas evoca seu nome ou pelo menos os termos que aí tem sua origem.

Com a queda de soverine, em 1512, a dinastia Médici volta ao poder, desesperando Maquiavel, que é envolvido em uma conspiração, torturado e deportado. É permitido que se mude para São Cassiano, cidade pequena próxima de Florença, onde escreve sobre a Primeira década de Tito Lívio , mas interrompe esse trabalho para escrever sua obra prima: O Príncipe, segundo alguns, destinado a que se reabilitasse com os aristocratas, já que a obra era nada mais que um manual da política.

Maquiavel viveu uma vida tranqüila em S. Cassiano. Pela manhã, ocupava-se com a administração da pequena propriedade onde está confinado. À tarde, jogava cartas numa hospedaria com pessoas simples do povoado. E à noite vestia roupas de cerimônia para conviver, através da leitura com pessoas ilustres do passado, fato que levou algumas pessoas a considerá-lo louco.

“Maquiavélico e maquiavelismo” são adjetivo e substantivo que estão tanto no discurso erudito, no debate político, quanto na fala do dia-a-dia. Seu uso extrapola o mundo da política e habita sem nenhuma cerimônia o universo das relações privadas. Em qualquer de suas acepções, porém, o maquiavelismo está associado a idéia de perfídia, a um procedimento astucioso, velhaco, traiçoeiro. Estas expressões pejorativas sobreviveram de certa forma incólumes no tempo e no espaço, apenas alastrando-se da luta política para as desavenças do cotidiano.”

Assim, hoje em dia, na maioria das vezes, Maquiavel é mal interpretado. Maquiavel, ao escrever sua principal obra, O Príncipe, criou um “manual da política”, que pode ser interpretado de muitas maneiras diferentes.

*****

Ao magnífico Lorenzo, filho de Piero de Médicis

As mais das vezes, costumam aqueles que desejam granjear as graças de um príncipe trazer-lhe os objetos que lhes são mais caros, ou com os quais o vêem deleitar-se; assim, muitas vezes, eles são presenteados com cavalos, armas, tecidos de ouro, pedras preciosas e outros ornamentos dignos de sua grandeza.

Desejando eu favorecer a Vossa Magnificência um testemunho qualquer de minha obrigação, não achei, entre os meus cabedais, coisa que me seja mais cara ou que tanto estime quanto o conhecimento das ações dos grandes homens apreendido por uma longa experiência das coisas modernas e uma contínua lição das antigas; as quais, tendo eu, com grande diligência, longamente cogitado, examinando-as, agora mando a Vossa Magnificência, reduzidas a um pequeno volume.

Personalidades - Governantes - Itália - Lorenzo de MediceLorenzo de Medici

E conquanto julgue indigna esta obra da presença de Vossa Magnificência, não confio menos em que, por sua humanidade, deva ser aceita, considerando que não lhe posso fazer maior presente que lhe dar a faculdade de poder em tempo muito breve aprender tudo aquilo que, em tantos anos e à custa de tantos incômodos e perigos, hei conhecido.

Não ornei esta obra e nem a enchi de períodos sonoros ou de palavras empoladas e floreios ou de qualquer outra lisonja ou ornamento extrínseco com que muitos costumam descrever ou ornar as próprias obras; porque não quis que coisa alguma seja seu ornato e a faça agradável senão a variedade da matéria e a gravidade do assunto.

Nem quero que se repute presunção o fato de um homem de baixo e ínfimo estado discorrer e regular sobre o governo dos príncipes; pois os que desdenham os contornos dos países se colocam na planície para considerar a natureza dos montes, e para considerar a das planícies ascendem aos montes, assim também para conhecer bem a natureza dos povos é necessário ser príncipe, e para conhecer a dos príncipes é necessário ser do povo.

Tome, pois, Vossa Magnificência este pequeno presente com a intenção com que eu o mando. Se esta obra for diligentemente considerada e lida, Vossa Magnificência conhecerá meu extremo desejo que alcance aquela grandeza que a Fortuna e outras qualidades lhe prometem. E se Vossa Magnificência, do ápice da sua altura, alguma vez volver os olhos para baixo, saberá quão sem razão suporto uma grande e contínua má sorte.

*****

Talvez por isso sua frase mais famosa: -”Os fins justificam os meios“- seja tão mal interpretada. Mas para entender Maquiavel em seu real contexto, é necessário conhecer o período histórico em que viveu. É exatamente isso que vamos fazer.

Nicolau Maquiavel, um dos mais conhecidos filósofos políticos de todos os tempos, se tornou famoso por defender a visão de que um governante, se necessário, deveria ser cruel e fraudulento para obter e manter o poder.

Seus críticos o denunciam como um homem que foi desprovido de moralidade, porém, seus admiradores afirmam que ele foi um dos únicos realistas que verdadeiramente entendiam o mundo político e que teve a coragem de descrevê-lo como ele realmente é. Em todo caso, séculos após terem sido publicados, os trabalhos de Maquiavel continuam sendo lidos e analisados por estudantes de filosofia, história e política.

Na época, no ápice do Renascimento, a Itália estava dividida em pequenos principados, enquanto outros países como Espanha, Inglaterra e França eram nações unificadas. Não surpreende que naquele momento a Itália estivesse politicamente e militarmente fraca, apesar de seus grandes alcances culturais.

Durante a juventude de Maquiavel, Florença era governada pelo famoso Lorenzo Medici, o Magnífico. Em 1492, Medici morreu e sua família foi expulsa de Florença, que se tornou uma república em 1498. Aos 29 anos de idade, Maquiavel conquistou um alto cargo na administração civil da república.

Ao longo dos quatorze anos seguintes, ele participou de diversas missões diplomáticas, tendo viajado pela França, Alemanha e pelo interior da Itália.

*****

Painel histórico

Personalidades - Filósofos - Itália - NICOLAU MAQUIAVEL Florença na época de MaquiavelFlorença à época de Maquiavel
clique na imagem para ampliar

Maquiavel viveu durante a Renascença Italiana, o que explica boa parte das suas idéias.

Na Itália do Renascimento reina grande confusão. A tirania impera em pequenos principados, governados despoticamente por casas reinantes sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis. A ilegitimidade do poder gera situações de crise instabilidade permanente, onde somente o cálculo político, a astúcia e a ação rápida e fulminante contra os adversários são capazes de manter o príncipe. Esmagar ou reduzir à impotência a oposição interna, atemorizar os súditos para evitar a subversão e realizar alianças com outros principados constituem o eixo da administração.

Como o poder se funda exclusivamente em atos de força, é previsível e natural que pela força seja deslocado, deste para aquele senhor. Nem a religião nem a tradição, nem a vontade popular legitimaram e ele tem de contar exclusivamente com sua energia criadora. A ausência de um Estado central e a extrema multipolarização do poder criam um vazio, que as mais fortes individualidades têm capacidade para ocupar.

Até 1494, graças aos esforços de Lourenço, o Magnífico, a península experimentou uma certa tranqüilidade.

Entretanto, desse ano em diante, as coisas mudaram muito. A desordem e a instabilidade ficaram incontroláveis. Para piorar a situação, que já estava grave devido aos conflitos internos entre os principados, somaram-se as constantes e desestruturadoras invasões dos países próximos como a França e a Espanha. E foi nesse cenário conturbado, onde nenhum governante conseguia se manter no poder por um período superior a dois meses, que Maquiavel passou a sua infância e adolescência.

Algumas máximas maquiavélicas

“Os fins justificam os meios”

“Não se pode chamar de “valor” assassinar seus cidadãos, trair seus amigos, faltar a palavra dada, ser desapiedado, não ter religião. Essas atitudes podem levar à conquista de um império, mas não à glória”

“Homens ofendem por medo ou por ódio”

“Assegurar-se contra os inimigos, ganhar amigos, vencer por força ou por fraude, faze-se amar a e temer pelo povo, ser seguido e respeitado pelos soldados, destruir os que podem ou devem causar dano, inovar com propostas novas as instituições antigas, ser severo e agradável, magnânimo e liberal, destruir a milícia infiel e criar uma nova, manter as amizades de reis e príncipes, de modo que lhe devam beneficiar com cortesia ou combater com respeito, não encontrará exemplos mais atuais do que as ações do duque.”

“Um príncipe sábio deve observar modos similares e nunca, em tempo de paz, ficar ocioso”"

“…Pois o homem que queira professar o bem por toda parte é natural que se arruíne entre tantos que não são bons.”

“… vindo a necessidade com os tempos adversos, não se tem tempo para fazer o mal, e o bem que se faz não traz benefícios, pois julga-se feito à força, e não traz reconhecimento.”

“Tendo o príncipe necessidade de saber usar bem a natureza do animal, deve escolher a raposa e o leão, pois o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender da força bruta dos lobos. Portanto é preciso ser raposa, para conhecer as armadilhas e leão, para aterrorizar os lobos.”

“Pelo que se nota que os homens ou são aliciados ou aniquilados”

Personalidades - Filósofos - Itália - NICOLAU MAQUIAVEL BustoBusto de Maquiavel em Florença, Itália
clique na imagem para ampliar

*****

Maquiavel casou em 1502 com Marietta Corsini, de quem teve quatro filhos e duas filhas.

Em 1510, inspirado por sua leitura sobre a história romana, organizou uma milícia civil da República de Florença. Todavia, em agosto de 1512, um exército espanhol entrou na Toscana e saqueou Prato. Aterrorizados, os florentinos depuseram seu governante, Pier Soderini, a quem Maquiavel havia caracterizado como “bom, porém fraco”, e permitiram a volta da família Medici ao poder.

Em 7 de novembro do mesmo ano, pouco após os Medici assumirem novamente o poder, Maquiavel foi demitido de seu cargo, e no ano seguinte, foi preso por ter supostamente colaborado contra a família Medici.

Ele foi torturado, mas ainda assim insistiu ser inocente. Foi libertado naquele mesmo ano, e a partir de então, se isolou, vivendo em uma pequena propriedade em San Casciano, próximo a Florença. Sem perspectivas de conseguir uma nomeação para o novo governo, Maquiavel se dedicou a escrever livros.

Durante os 14 anos seguintes, Maquiavel escreveu diversos livros. Sua obra mais famosa foi “O Príncipe” (1513). Também escreveu “A Arte da Guerra” e “História de Florença”. Mas seu mais brilhante e conhecido trabalho é, sem dúvida, “O Príncipe”.

*****

O Príncipe

Personalidades - Filósofos - Itália - NICOLAU MAQUIAVEL O Príncipe Capa da Edição de 1580O Príncipe – Capa da edição de 1580

Em sua obra “O Príncipe”, Nicolau Maquiavel mostra a sua preocupação em analisar acontecimentos ocorridos ao longo da história, de modo a compará-los à atualidade de seu tempo

O Príncipe consiste de um manual prático dado ao Príncipe Lorenzo de Médice como um presente, o qual envolve experiência e reflexões do autor. Maquiavel analisa a sociedade de maneira fria e calculista e não mede esforços quando trata de como obter e manter o poder.

A obra-prima de Maquiavel pode ser considerada um guia de conselhos para governantes. O tema central do livro é o de que para permanecer no poder, o líder deve estar disposto a desrespeitar qualquer consideração moral, e recorrer inteiramente à força e ao poder da decepção. Maquiavel escreveu que um país deve ser militarmente forte e que um exército pode confiar somente nos cidadãos de seu país – um exército que dependia de mercenários estrangeiros era fraco e vulnerável.

A obra é dividida em 26 capítulos, que podem ser agregados em cinco partes, a saber:

*capítulo I a XI: análise dos diversos grupo de pricipados e meios de obtenção e manutenção destes;

*capítulo XII a XIV: discussão da análise militar do Estado;

*capítulo XV a XIX: estimativas sobre a conduta de um Príncipe; *capítulo XX a XXIII: conselhos de especial intersse ao Príncipe;

*capítulo XXIV a XXVI: reflexão sobre a conjuntura da Itália à sua época.

Maquiavel mostra, através de claros exemplos, a importância do exército, a dominação completa do novo território através de sua estadia neste; a necesidade da eliminação do inimigo que no país dominado encontrava-se e como lidar com as leis pré-existentes à sua chegada; o consentimento da prática da violência e de crueldades, de modo a obter resultados satisfatórios, onde se encaixa perfeitamente seu tão famoso postulado de que “os fins justificam os meios” como os pontos mais importantes.

O pensamento de Maquiavel, na obra, reflete sobre os perigos e dificuldades que tem o Príncipe com suas tropas, compostas de forças auxiliares, mistas e nacionais, e destaca a importância da guerra para com o desenvolvimento do espírito partriótico e nacionalista que vem a unir os cidadãos de seu Estado, de forma a torná-lo forte.

Maquiavel afirma ainda que um líder deve buscar o apoio de seu povo. Para a surpresa de muitos, o autor explicou que ao assumir o poder “deve-se cometer todas as crueldades de uma só vez, para não ter que voltar a elas todos os dias…Os benefícios devem ser oferecidos gradualmente, para que possam ser melhor apreciados.”

Maquiavel também ensinou que para obter sucesso, um líder deve estar cercado por ministros leais, competentes e confiáveis.

Um dos temas mais importantes de “O Príncipe” é o debate sobre a seguinte questão: “é preferível que um líder seja amado ou temido?” Maquiavel responde que é importante ser amado e temido, porém, é melhor ser temido que amado.

Ele explica que o amor é um sentimento volúvel e inconstante, já que as pessoas são naturalmente egoístas e podem freqüentemente mudar sua lealdade. Porém, o medo de ser punido é um sentimento que não pode ser modificado ou ignorado tão facilmente.

Maquiavel também afirma que, se necessário, um governante deve mentir e trapacear. O autor declara que é melhor para um líder caluniar do que agir de acordo com suas promessas, se estas forem resultar em conseqüências adversas para sua administração e seus interesses.

Da mesma forma que Maquiavel acreditava que os líderes deveriam ser falsos quando preciso, ele os aconselhava a ficarem atentos em relação às promessas de outros: eles também podem estar mentindo caso seja de interesse deles.

Mostra a necessidade de uma certa versatilidade que deve adotar o governante em relação ao seu modo de ser e de pensar a fim de que se adapte às circunstâncias momentâneas-”qualidades”, em certas ocasiões, como afirma o autor, mostram-se não tão eficazes quanto “defeitos”, que , nesse caso, tornam-se próprias virtudes;
da temeridade dele perante a população à afeição, como medida de precaução à revolta popular, devendo o soberano apenas evitar o ódio;
da utilização da força sobeposta à lei quanto disso dependeram condições mais favorárveis ao seu desempenho; e da sua boa imagem em face aos cidadãos e Estados estrangeiros, de modo a evitar possíveis conspirações.

Há claramente um questionamento das utilidade das fortalezas e outros meios em vistas fins de proteção do Príncipe;
o modo em que encontrará mais serventia em pessoas que originalmente lhe apresentavam suspeitas em contrarpatida às primeiras que nele depositavam confiança;
como deve agir para obter confiança e maior estima entre seus súditos;
a importância da boa escolha de sesu ministros; e uma espécie de guia sobre o que fazer com os conselhos dados, estes, raramente úteis, quando se considera o interesse oculto de quem os dá.

Na última parte, que abrange os três capítulos finais, Maquiavel foge de sua análise propriamente “maquiavélica” na forma de um apelo à família real, de modo que esta adote resoluções em favor da libertação da Itália, dominada então pelos bárbaros.

*****

Tornou-se um conhecedor profundo dos mecanismos políticos e viajou incessantemente participando em vinte e três embaixadas a cortes italianas e europeias, conhecendo vários dirigentes políticos, como Luís XII de França, o Papa Júlio II, o Imperador Maximiliano I, e César Bórgia.

Em 1500 foi enviado a França onde se encontra com Luís XII e com o Cardeal de Orleães.

A sua missão mais memorável, acontecida em 1502 quando visitou César Bórgia estabelecido na Romagna, foi objecto de um relatório de 1503 intitulado «Descrição da Maneira empregue pelo Duque Valentino [César Bórgia] para Matar Vitellozzo Vitelli, Oliverotto da Fermo, Signor Pagolo e o Duque de Gravina, Orsini», no qual descreveu com uma precisão cirúrgica os assassinatos políticos do filho do Papa Alexandre VI Bórgia, explicando subrepticiamente a arte política ao principal dirigente de Florença, o indeciso e timorato Pier Soderini.

Em 1504 regressa a França, e no regresso, inspirado nas suas leituras sobre a História Romana, apresenta um plano para a reorganização das forças militares de Florença, que é aceito.

Em 1508 é enviado a corte do imperador Maximiliano, estabelecido em Bolzano, e em 1510 está de novo em França.

Em 1509 dirigiu o pequeno exército miliciano de Florença para ajudar a libertar Pisa, missão que foi coroada de sucesso.

Em Agosto de 1512, devido a invasão espanhola do território da república, a população depôs Sonderini e acolheu os Médici.

Maquiavel foi demitido em 7 de Novembro, devido a sua ligação ao governo republicano, retirando-se da vida pública.

Tendo-se tornado suspeito, em 1513, de envolvimento numa conspiração contra o novo governo, foi preso e torturado.

Tirando algumas nomeações para postos temporários e sem importância, em que se conta em 1526 uma comissão do Papa Clemente VII para inspeccionar as muralhas de Florença, e do seu amigo Francesco Guicciardini, Comissário Papal da Guerra na Lombardia, que o empregou em duas pequenas missões diplomáticas, passou a dedicar-se a escrita, vivendo em San Casciano, a alguns quilometros de Florença.

Em Maio de 1527, tendo os Médici sido expulsos de Florença novamente, Maquiavel tentou reocupar o seu lugar na Chancelaria, mas o posto foi-lhe recusado devido a reputação que O Príncipe já lhe tinha granjeado.

Pouco tempo depois morreu, pouco tempo depois do saque de Roma.

Personalidades - Filósofos - Itália - NICOLAU MAQUIAVEL TúmuloTúmulo de Maquiavel em Florença
clique na imagem para ampliar

Duas das obras de Maquiavel foram publicadas em vida:

  • 1. La Mandragola (A Mandrágora), de 1515, publicada em 1524, um grande sucesso na época, ainda hoje considerada uma das mais brilhantes comédias italianas.
  • 2. Arte della guerra ( A Arte da Guerra), de 1519-1520, que tem como cenário as reuniões intelectuais dos Ortii Oricellari (Jardins de Rucellai), local onde se reunia a Academia Florentina e onde tinha sido colocada a estatuária retirada aos Médici.

Personalidades - Filósofos - Itália - NICOLAU MAQUIAVEL Mandrágora Comedia Del'ArteIlustração de ator da Comedia Del’Arte
na época de Maquiavel, interpretando Mandrágora

Foi neste cenáculo que Nicolau Maquiavel leu uma versão dos seus Discorsi sopra la prime deca di Tito Livio (Discursos sobra a primeira década de Tito Lívio), escritos em 1517 e publicados em 1531.

Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio
“Discursos”, como também é conhecida a referida obra, foi escrito por Maquiavel quatro anos após haver concluído “O Príncipe”, o que justifica suas perceptíves semelhanças com o primeiro.
No entanto, o que o distingue de “O Príncipe” é a análise detalhada da república, em que o autoro claramente se coloca em favor desta, a apontar suas principais características observadas no decorrer da história e modos de melhorá-la, ou de ao menos mantê-la.

Assim, pode-se considerar Maquiavel como sendo, indubitavelmente, um pensador indutivo-utiliza-se de inúmeros exemplos históricos com o fim de sustentar suas afirmações. No entanto, seu propósito não é sempre impecavelmente atingido, mesmo porque a realidade não segue regras e é, portanto, muito mais complexa do que se pode teorizar.
A obra é começada com a citação da origem das cidades, que podem estabelecer-se devido a um grupo de cidadãos juntar-se a visar maior segurança; a estrangeiros que querem assegurar o território conquistado, a estabelecer, ali, colônias; ou mesmo a fim de exaltar-se a glória do Príncipe.

As repúblicas nascem com o surgimento das cidades e, assim, constituem três espécies, que são: a monarquia, aristocracia e despotismo. Três que podem evoluir para o despotismo, oligarquia e anarquia, respectivamente. É claro, neste ponto, o pessimismo de como a sociedade é vista por Maquiavel: é a dialética de dois termos, que trata da sucessão entre ascendência e decadência, a formar um ciclo vicioso. Maquiavel acredita, ainda, que todos princípios corrompem-se e degeneram-se, a ser possível ser corrigido somente via acidente externo (fortuna) ou por sabedoria intrínseca (virtu).

A voltar-se às espécies de repúblicas, chega-se à conclusão de que a sua melhor forma seria o equilíbrio, dito como ser a “justa medida”, segundo Aristóteles. Tal equilíbrio pode manter-se através das próprias discordâncias entre o povo e o Senado, já que estes, em conjunto, representam e lutam pelos interesses gerais do Estado.

O Estado é, então, definido como o poder central soberano; é o monopólio do uso legítimo da força, como diria Weber. As leis são estabelecidas nas práticas virtuosas da sociedade e com o cuidado de não repetir o que não teve de êxito. Por isso, é dito que não há nada pior do que a deixar ser desrespeitada.

Se isso ocorrer, tornar-se clara a falha do exercício do poder de quem a corrompe. Em contrapartida, em se tratando de Estado, tudo é válido, desde a violação de leis e costumes e tudo mais que for necessário para atingirem-se as consequências visadas: os fins justificam os meios.

Nessa visão de poder do Estado, é clara a importância da religião, pois em nome dela são feitas valer muitas causas em favor do Estado. A religião é, sob a visão de Maquiavel, um instrumento político-é usada de modo a justificar interesses os mais peculiares e, também, como conforto à população, que anda sempre em busca de ideais, a estar disposta até mesmo a conceder sua vida em busca destes.

O êxito de uma república, consoante o autor, pode ser estrategicamente obtido através da sucessão dos governantes. Se se intercalar os virtuosos com os fracos, o Estado poderá manter-se. Mas, se, diferentemente, dois ruins sucederem-se, ou apenas um, mas que seja duradouro, a ruina do Estado será inevitável, já que, desse modo, o segundo governo não poderá utilizar-se dos bons frutos do governo anterior.

Destarte, cita a importância das república, já que nela os próprios cidadãos escolhem seus governantes, de modo a aumentar a chance de ter-se, consecutivamente, bons governos.

Com relação à política de defesa, onde há pessoas e não um exército, é notada um clara incompetência por parte do soberano, pois é de sua exclusiva competência formar um exército próprio para a defesa da nação.
É, também, de extrema importância saber-se a hora própria para instituir-se a ditadura, que, em ocasiões excepcionais, é necessária a fim de tomarem-se decisões rápidas, a dispensar, assim, consultar as tradicionais instituições do Estado.

Contudo, ela deve-se instituir por período limitado, de modo a não se corromper e deve existir até quando o motivo o qual a fez precisar-se for eliminado. Após uma análise teórica e comparativa-em termos históricos-é colocada ainda a importância da fortuna, a qual tem contingência própria e o poder de mudar os fatos. Assim, o autor define o papel do homem na história: desafiá-la.

Com base na teoria do equilíbrio, conclui-se, então, que o ideal é que se estabeleça um meio termo entre as formar de governo a serem adotadas, a observar-se que a combinação das já existentes pode mostrar-se muito mais eficiente.
A forma que se é administrado um Estado deve adaptar-se ao seu contingente populacional, e não as pessoas às suas leis.

As suas outras obras incluem:

  • Vita di Castruccio Castracani,1520, um condottieri que governou Lucca de 1316 a 1328.
  • Istorie Fiorentine, escrita entre 1520 e 1525.
  • Clizia, comédia escrita por volta de 1524.
  • Andria, comédia escrita por volta de 1524.
  • Belfagor, conto.
  • Il Principe, O Príncipe, escrito em 1513 e publicado em 1531.

O Príncipe é um tratado político em 25 capítulos com uma conclusão que propõem a libertação da Itália das intervenções de franceses e de espanhóis, considerados bárbaros.

Escrito originalmente em 1513 e dedicado a Giuliano de Médici, em 1516 passou a ser dedicado ao sobrinho deste Lorenzo di Medici, antes deste se tornar duque de Urbino.

A obra de Maquiavel é toda fundamentada em sua própria experiência, seja ela com os livros dos grandes escritores que o antecederam, ou sejam os anos como segundo chanceler, ou até mesmo a sua capacidade de olhar de fora e analisar o complicado governo do qual terminou fazendo parte.

Enfim, em 1527, com a queda dos Médici e a restauração da república, Maquiavel que achava estarem findos os seus problemas, viu-se identificado por jovens republicanos como alguém que tinha ligações com os tiranos depostos. Então viu-se vencido. Esgotaram-se suas forças. Foi a gota d’água que estava faltando. A república considerou-o seu inimigo. Desgostoso, adoece e morre em junho.

Mas nem depois de morto, Maquiavel terá descanso. Foi posto no Index pelo concílio de Trento, o que levou-o, desde então a ser objeto de excreção dos moralistas.

Separando a ética da política

Maquiavel faleceu sem ter visto realizados os ideais pelos quais se lutou durante toda a vida. A carreira pessoal nos negócios públicos tinha sido cortada pelo meio com o retorno dos Médici e, quando estes deixaram o poder, os cidadãos esqueceram-se dele, “um homem que a fortuna tinha feito capaz de discorrer apenas sobre assuntos de Estado”. Também não chegou a ver a Itália forte e unificada.

Deixou porém um valioso legado: o conjunto de idéias elaborado em cinco ou seis anos de meditação forçada pelo exílio. Talvez nem ele mesmo soubesse avaliar a importância desses pensamentos dentro do panorama mais amplo da história, pois ” especulou sempre sobre os problemas mais imediatos que se apresentavam”. Apesar disso, revolucionou a história das teorias políticas, constituindo-se um marco que modificou o fato das teorias do Estado e da sociedade não ultrapassarem os limites da especulação filosófica.

O universo mental de Nicolau Maquiavel é completamente diverso. Em São Casciano, tem plena consciência de sua originalidade e trilha um novo caminho. Deliberadamente distancia-se dos ” tratados sistemáticos da escolástica medieval” e, à semelhança dos renascentistas preocupados em fundar uma nova ciência física, rompe com o pensamento anterior, através da defesa do método da investigação empírica.

Princípios maquiavélicos

Maquiavel nunca chegou a escrever a sua frase mais famosa: “os fins justificam os meios”. Mas com certeza ela é o melhor resumo para sua maneira de pensar. Seria praticamente impossível analisar num só trabalho , todo o pensamento de Nicolau Maquiavel , portanto, vamos analisá-lo baseados nessa máxima tão conhecida e tão diferentemente interpretada.

Ao escrever O Príncipe, Maquiavel expressa nitidamente os seus sentimentos de desejo de ver uma Itália poderosa e unificada. Expressa também a necessidade ( não só dele mas de todo o povo Italiano ) de um monarca com pulso firme, determinado que fosse um legítimo rei e que defendesse seu povo sem escrúpulos e nem medir esforços.

Em O Príncipe, Maquiavel faz uma referência elogiosa a César Bórgia, que após ter encontrado na recém conquistada Romanha , um lugar assolado por pilhagens , furtos e maldades de todo tipo, confia o poder a Dom Ramiro d’Orco. Este, por meio de uma tirania impiedosa e inflexível põe fim à anarquia e se faz detestado por toda parte. Para recuperar sua popularidade, só restava a Bórgia suprimir seu ministro. E um dia em plena praça , no meio de Cesena, mandou que o partissem ao meio. O povo por sua vez ficou, ao mesmo tempo, satisfeito e chocado.

Para Maquiavel , um príncipe não deve medir esforços nem hesitar, mesmo que diante da crueldade ou da trapaça, se o que estiver em jogo for a integridade nacional e o bem do seu povo.

” sou de parecer de que é melhor ser ousado do que prudente, pois a fortuna( oportunidade) é mulher e, para conservá-la submissa, é necessário (…) contrariá-la.

Vê-se , que prefere, não raramente, deixar-se vender pelos ousados do que pelos que agem friamente. Por isso é sempre amiga dos jovens, visto terem eles menos respeito e mais ferocidade e subjugarem-na com mais audácia”.

Para Maquiavel, como renascentista que era, quase tudo que veio antes estava errado. Esse tudo deve incluir os pensamentos e as idéias de Aristóteles. Ao contrário deste, Maquiavel não acredita que a prudência seja o melhor caminho. Para ele, a coerência está contida na arte de governar. Maquiavel procura a prática.

A execução fria das observações meticulosamente analisadas, feitas sobre o Estado, a sociedade. Maquiavel segue o espírito renascentista, inovador. Ele quer superar o medieval. Quer separar os interesses do Estado dos dogmas e interesses da igreja.

Maquiavel não era o vilão que as pessoas pensam. Ele não era nem malvado. O termo maquiavélico tem sido constantemente ml interpretado.

Personalidades - Governantes - Itália - Cardeal Della RovereCardeal Della Rovere, futuro Papa Júlio II
Um dos personagens da época, alvo de Maquiavel

clique na imagem para ampliar

Os fins justificam os meios
Maquiavel , ao dizer essa frase, provavelmente não fazia idéia de quanta polêmica ela causaria. Ao dizer isso, Maquiavel não quis dizer que qualquer atitude é justificada dependendo do seu objetivo. Seria totalmente absurdo. O que Maquiavel quis dizer foi que os fins determinam os meios. É de acordo com o seu objetivo que você vai traçar os seus planos de como atingi-los.

A contribuição de Nicolau Maquiavel para o mundo é imensa. Ensinou, através da sua obra , a vários políticos e governantes. Aliás, a obra de Maquiavel entrou para sempre não só na história, como na nossa vida cotidiana atual, já que é aplicável a todos os tempos.

É possível perceber que “Maquiavel, fingindo ensinar aos governantes, ensinou também ao povo”. E é por isso que até hoje, e provavelmente para sempre, ele será reconhecido como um dos maiores pensadores da história do mundo.

O Legado de Maquiavel
Maquiavel foi muito criticado pelas idéias que ele defendeu em “O Príncipe”.

Contudo, é importante ressaltar que ele preferia uma república à ditadura. Tinha uma preocupação com a fraqueza militar e política da Itália, e desejava ver um governante forte que unificasse o país e expulsasse os invasores estrangeiros que estavam devastando a Itália. Por um lado, Maquiavel era defensor de táticas severas e cínicas, por outro, ele era um patriota idealista.

Poucos filósofos políticos foram tão condenados quanto Maquiavel. Seu nome virou sinônimo, inclusive na língua portuguesa, de duplicidade e manipulação: “maquiavélico”. As idéias de Nicolau Maquiavel podem não ter sido morais, mas foram certamente influentes.

O próprio Maquiavel declarou que elas não eram originais: seus conselhos já haviam sido adotados na prática por diversos governantes bem-sucedidos. “O Príncipe” tornou-se notório após ter sido lido por diversos vilões da história.

Benito Mussolini, o líder fascista italiano durante a Segunda Guerra Mundial, um homem que trouxe muita destruição para seu país, elogiou publicamente o livro. Dizem que Napoleão Bonaparte dormia com um exemplar do livro sob seu travesseiro. No entanto, deve-se lembrar que Maquiavel apenas apresentou, e não criou, a realidade amoral da política.

Maquiavel acreditava na capacidade humana de determinar seu próprio destino. Para ele, os fins justificavam os meios: um governante deveria fazer qualquer coisa para atingir seus objetivos. Ao escrever “O Príncipe”, Maquiavel desejava guiar os governantes, alertando-os sobre as armadilhas da selva política. Seu livro é um manual de auto-preservação para líderes mundiais.

Independente de admiradores e críticos, não se pode negar a influência de Maquiavel. Seu trabalho e suas idéias continuam sendo amplamente lidas e discutidas e ele é considerado um dos principais filósofos políticos de todos os tempos.

Se a teoria política moderna é discutida hoje com tamanho realismo, grande parte disso deve-se ao autor de “O Príncipe”.

A Sociedade à época de Maquiavel (1469-1527)
Cristandade em decadência: conflitos entre o poder divino (Igreja) e o poder temporal (Estado)
Processo de ascensão do capitalismo: mercantilismo
Desenvolvimento do Estado Nacional: soberanos locais são absorvidos pelo fortalecimento das monarquias e pela crescente centralização das instituições políticas (cortes de justiça, burocracias e exércitos)
Estado absoluto: preserva a ordem de privilégios aristocráticos (mantendo sob controle as populações rurais), incorpora a burguesia e subordina o proletariado incipiente
Inglaterra e França: consolidam poder central
Itália não realiza unificação nacional: é um conglomerado de pequenas cidades- estado rivais, disputados pelo Papa, Alemanha, França e Espanha.

Concepção de homem em Maquiavel
Racionalidade instrumental: busca o êxito, sem se importar com valores éticos
Cálculo de custo/benefício: teme o castigo
Natureza humana:
Homem possui capacidades: força, astúcia e coragem
Homem é vil, mas é capaz de atos de virtude
Mas não se trata da virtude cristã
Não incorpora a idéia da sociabilidade natural dos antigos
O homem não muda: não incorpora o dogma do pecado original: natureza decaída que pode se regenerar pela salvação divina.

Concepção da História em Maquiavel
Perspectiva cíclica, pessimista, de inspiração platônica
Tudo se degenera, se sucede e se repete fatalmente
Todo princípio corrompe-se e degenera-se
Isto só pode ser corrigido por acidente externo (fortuna) ou por sabedoria intrínseca (virtu)
Não manifesta perspectiva teleológica humanidade não tem um objetivo a ser atingido
A política não admite a teleologia cristã: o caminho da salvação, a construção do Reino de Deus entre os homens.
Também não pensa a história sob a perspectiva dos modernos: não menciona a idéia do progresso à estrutura cíclica

Concepção de Política em Maquiavel
Política: pela primeira vez é mostrada como esfera autônoma da vida social.
Não é pensada a partir da ética nem da religião: rompe com os antigos e com os cristãos.
Não é pensada no contexto da filosofia: passa a ser campo de estudo independente.
Vida política: tem regras e dinâmica independentes de considerações privadas, morais, filosóficas ou religiosas.
Política: é a esfera do poder por excelência.
Política: é a atividade constitutiva da existência coletiva: tem prioridade sobre todas as demais esferas.
Política é a forma de conciliar a natureza humana com a marcha inevitável da história: envolve fortuna e virtude.
Fortuna: contingência própria das coisas políticas: não é manifestação de Deus ou Providência Divina.
Há no mundo, a todo momento, igual massa de bem e de mal: do seu jogo resultam os eventos (e a sorte).
Virtude: qualidades como a força de caráter, a coragem militar, a habilidade no cálculo, a astúcia, a inflexibilidade no trato dos adversários.
Pode desafiar e mudar a fortuna: papel do homem na história.

Concepção de Estado em Maquiavel
Não define Estado: infere-se que percebe o Estado como poder central soberano que se exerce com exclusividade e plenitude sobre as questões internas externa de uma coletividade.
Estado: está além do bem e do mal: o Estado é!
Estado: regulariza as relações entre os homens: utiliza-os nos que eles têm de bom e os contém no que eles têm de mal.
Sua única finalidade é a sua própria grandeza e prosperidade.
Daí a idéia de “razão de Estado”: existem motivos mais elevados que se sobrepõem a quaisquer outras considerações, inclusive à própria lei.
Tanto na política interna quanto nas relações externas, o Estado é o fim: e os fins justificam os meios.
O Príncipe: não se destina aos governos legais ou constitucionais.
Questão: como constituir e manter a Itália como um Estado livre, coeso e duradouro? Ou como adquirir e manter principados?
A tirania é uma resposta prática a um problema prático.
O Príncipe: não há considerações de direito, mas apenas de poder: são estratégias para lidar com criações de força.
Teoria das relações públicas: cuidados com a imagem pública do governante.
Teoria da cultura política: religião nacional, costumes e ethos social como instrumentos de fortalecimento do poder do governante.
Teoria da administração pública: probidade administrativa, limites à tributação e respeito à propriedade privada.

Teoria das relações internacionais
Exércitos nacionais permanentes, em lugar de mercenários.
Conquista, defesa externa e ordem interna.
A guerra é a verdadeira profissão de todo governante e odiá-la só traz desvantagens.

Cronologia da Itália no século XV e começo do século XVI

O SÉCULO XV

1378 – 1417. O Grande Cisma: o papado dividiu-se e desonrou-se. Treze cardeais reunidos em Anagni elegeram

1378 – 1394. Clemente VII, dividindo a Cristandade ocidental em duas obediências:

A obediência a Roma A obediência a Avinhão

Urbano VI (1378-1389) Clemente VII (1378 – 1394)

Bonifácio IX (1389 – 1404) Bento XIII (1394 – 1423)

Inocêncio VII (1404 – 1406)

Gregório XII (1406 – 1415)

O apoio dos diferentes estados europeus aos papas rivais foi determinada normalmente por razões práticas, mas muitas vezes era determinado depois de um estudo cuidado das propostas de cada um dos contendores e após consulta ao clero local. A decisão portuguesa baseou-se na rivalidade com Castela, a inglesa, de uma maneira geral, na hostilidade com a França; a da Escócia na hostilidade com a Inglaterra.

1379. Emergência do movimento conciliar. As ideias básicas estavam delineadas por autores como Marsílio de Pádua, mas foram apresentadas por Henrique de Langestein neste ano, com o argumento específico de que o consílio era superior ao Papa, podia ser convocado por um rei, era competente para julgar um pontífice ou convocar um novo conclave.

1382 – 1432. Meio século de dominação oligárquica em Florença, o zénite do poder de Florença. A reforma constitucional de 1382 aumentou a participação popular no governo, mas nada foi feito pelos ciompi (os trabalhadores mais pobres, que se tinham revoltado em 1378), e continuou a haver revoltas esporádicas enquanto os Guelfos reconquistavam o poder na cidade.

1385 – 1402. Gian Galeazzo Visconti, que tinha sucedido ao pai Galeazzo II (1378), afasta o tio Bernabó do governo do ducado de Milão e passa a governar sozinho. Casa com Isabel, filha do rei João de França, e casa a sua filha Valentina a Luís de Orleães. Começa a criar um reino no Norte de Itália adquirindo Verona, Vicenza e Pádua, entre 1386 e 1388. A sua ocupação de partes da Toscânia é bloqueada por Florença, assim como pela revolta de Pádua.

1386 – 1414. Ladislau de Nápoles, impôs ordem no seu reino dividido entre facções angevinas e aragonesas, começando uma campanha de expansão no centro de Itália, tendo comprado ao papa Gregório XII os Estados da Igreja, a que se opuseram as repúblicas de Florença e de Siena.

1393. Maso degli Albizzi começa o seu logo controlo do governo de Florença, pondo em causa a estrutura política baseada nas corporações, destruídas pelo capitalismo. Maso governou em favor da sua própria casa comercial e dos comerciantes de lã, a que estava associado. Os elementos democráticas na organização do estado desapareceram.

1395. Gian Galeazzo Visconti, duque de Milão, é feito duque hereditário pelo imperador Venceslau, adicionando às suas possessões as cidades de Pisa e Siena (1399), Assis e Perigia (1400).

1397 – 1398. Florença resiste aos ataques dos Visconti, duques de Milão, contra a cidade.

1402. A morte de Gian Galeazzo de Milão, salva Florença da conquista. Milão entra num período de anarquia sob o governo dos seus filhos Gian Maria (1402-1412) e Filippo Maria (1402-1447).

1405. Veneza ocupa Pádua, Bassano, Vicenza e Verona devido à separação dos domínios milaneses dos Visconti e à derrota da família Carrara que dominava Pádua.

1412 – 1447. Filippo Maria Visconti governa Milão sozinho a partir de 1412, data do assassinato do irmão, recuperando as terras governadas pelo pai, incluindo Génova.

1405. Pisa foi comprada por Florença aos Visconti e obrigada à obediência (1406), dando à república acesso directo ao mar.

1409. O Concílio de Pisa, teve a participação de 500 prelados e delegados dos estados europeus, que se dividiram em duas facções. Uma moderada, a maioria, que tinha o único objectivo de acabar com o Cisma, e outra formada por radicais, que propunham a realização de reformas. O conclave escolheu Alexandre V, que morreu em 1410, e a seguir o cardeal Baldassare Cossa. O Papa e o anti-Papa não resignaram, criando-se um triplo cisma.

1410 -1415. João XXIII, expulso de Roma por Ladislau de Nápoles, foi obrigado pelo imperador Segismundo a convocar o Concílio de Constança (1414) como preço pela protecção. A iniciativa para a resolução do cisma passou do rei de França para o imperador.

1414 – 1417. O Concílio de Constança. Uma das mais importantes reuniões da história medieval, tinha três objectivos. A restauração da unidade da Igreja (1), a reforma do papado e das igrejas locais (2) e, por fim, a destruição da heresia, sobretudo da Hussita. A votação foi realizada por nações, de acordo com a tradição universitária.

O Papa João XXIII aceitou resignar se os outros o fizessem também, mas fugiu de Constança, foi preso, julgado e deposto (1415). Gregório XII resignou, mas Bento XIII manteve-se irredutível, ficando completamente isolado sendo abandonado por todos os governantes europeus. O conclave elegeu o cardeal Colonna como Martinho V, e o Cisma terminou de facto.

1415 – 1435. Joana II de Nápoles, irmã de Ladislau. As extraordinárias intrigas desta viúva apaixonada entre os seus favoritos, sucessores designados e pretendentes rivais ao trono mantiveram a diplomacia italiana num turbilhão, que terminou na luta entre o candidato da casa de Anjou, René (apoiado pelo Papa) e Afonso V de Aragão (apoiado por Filippo Maria Visconti, duque de Milão). O conflito terminou com o triunfo de Afonso, que se assenhoreou de Nápoles em 1435, sendo reconhecido pelo Papa em 1442.

1416. Primeira guerra de Veneza contra os Turcos Otomanos, devido à actividade turca no Mar Egeu. O Doge Loredano vence os otomanos nos Dardanelos e obriga o sultão a aceitar a paz.

1417 – 1431. Martinho V, considerou ímpio apelar a um concílio contra um papa e dissolveu o Concílio de Constança. O papado recuperou os Estados da Igreja dos auto-proclamados vigários papais, que eram de facto independentes de qualquer poder.

1421 – 1429. Livorno, cidade portuária, foi comprada por Florença, que estabeleceu os Cônsules do Mar. Um novo ataque dos Visconti, duques de Milão a Florença, obriga a república a declarar-lhe guerra. Várias derrotas de Florença foram acompanhadas pelo declínio do crédito florentino e pela falência de importantes casas bancárias e comerciais da cidade. Florença alia-se a Veneza e consegue derrotar Milão, que assina uma paz onerosa que beneficia sobretudo Veneza. O partido da paz é liderado por Giovanni de Médici.

1423. Veneza ocupa a Tessalónica de acordo com um plano de cooperação com o imperador grego contra os turcos.

1425 – 1430. Segunda guerra de Veneza contra os Turcos. A frota otomana saqueia as costas do Mar Egeu e toma tessalónica (1430). Os Venezianos foram obrigados a fazer a paz devido

1426 – 1429. à guerra de Veneza contra Milão, que permite aos venezianos ocuparem definitivamente Verona e Vicenza, para além de Brescia (1426), Bérgamo (1428) e Crema (1429).

1427. Uma reforma dos impostos em Florença estabelece a catàsto, um imposto sobre o rendimento que tinha a intenção de ter uma incidência geral e democrática, sendo apoiada em princípio pelos Médicis.

1429 – 1433. Guerra entre Florença e Lucca. O fiasco da guerra leva Cosimo, filho de Giovanni de Médici, à prisão e ao exílio, por ser considerado o principal responsável do falhanço.

1431 – 1447. Eugénio IV, cardeal veneziano, convocou o concílio de Basileia.

1431 – 1449. O Concílio de Basileia foi dominado por um forte sentimento anti-papado. Dissolvido pelo papa, o concílio ignorou a ordem e decretou que não podia ser dissolvido pelo papa sem o seu consentimento, convocando o papa e os cardeais uma segunda vez. O papa não compareceu mas aceitou a nova reunião (1433). Mais tarde o concílio foi novamente dissolvido, sendo um novo convocado para Ferrara. O concílio rebelde manteve-se em reunião, depôs Eugénio e elegeu Amadeu de Sabóia enquanto.

1439 – 1449. Félix V. O concílio transferiu-se para Lausanne, com cada vez menos membros e prestígio.

1434. As eleições para a Signoria de Florença favoreceram os Médicis, fazendo com que Cosimo fosse chamado do exílio. Os seus opositores, Rinaldo degli Albizzi, Rodolfo Peruzzi e outros são, por seu turno, obrigados ao exílio.

1434 – 1494. Domínio da família Médici sobre Florença.

1434 – 1464. Cosimo de Médici, Pater Patriae de Florença.

1435 – 1458. Afonso V de Aragão (o Magnânimo) reuniu as coroas de Nápoles e da Sicília e tornou Nápoles o centro do império mediterrânico da coroa de Aragão. Apoiou o duque Visconti de Milão, que aparentemente lhe retribuiu doando-lhe o ducado quando morreu. Leal ao papado, Afonso apoiou o Papa Eugénio IV contra Francesco Sforza. Afonso dividiu os seus domínios entre o seu irmão João, que ficou com Aragão e a Sicília, e o seu filho natural, que ficou com Nápoles.

1438 – 1445. O Concílio de Ferrara-Florença. Depois de vários meses de discussão os delegados da Igreja ortodoxa Grega aceitaram a fórmula romana para a união, em 1439, e o cisma entre o Ocidente e Oriente, que datava de 1054, terminou formalmente. Mas a Igreja Grega repudiou o acordo.

1438. Um Sínodo nacional francês e o rei Carlos VII, de França, aceitaram a Pragmática Sanção de Bourges, que incluía a maior parte dos decretos anti-papais do concílio de Basileia, que formaram a base das liberdades galicanas.

1439. A Dieta de Mainz aceitou a Pragmática Sanção de Mainz, abolindo as anátas, as reservas papais, as provisões e estabelecendo os sínodos diocesanos e provinciais.

1440. Florença e Veneza são derrotadas pelo exército de Filippo Maria Visconti, duque de Milão, em Anghiari. O catàsto, o imposto sobre o rendimento de Florença é substituído por um imposto progressivo, diminuindo o peso dos impostos sobre as classes mais pobres, apoiantes dos Médicis.

1447 – 1455. Nicolau V, antigo bibliotecário de Cosimo de Médicis, humanista e fundador da Biblioteca Vaticana, tornou Roma temporariamente um centro humanista.

1447 – 1450. Com a morte de Filippo Maria Visconti, Milão torna-se uma República dominada por Francesco Sforza, genro do último duque Visconti de Milão.

1448. Concordata de Viena. O imperador Frederico III, casado (1451) com a infanta D. Leonor, filha de D. Duarte e irmã de D. Afonso V, restaura as anátas e abandona a maior parte das restrições ao padroado papal, aceitando o papado, em troca, a supremacia dos concílios gerais. A negociação foi dirigida ainda pelo papa Eugénio IV.

1449. Dissolução do Concílio de Basileia: o papa Félix V abdica, tornando-se cardeal. O Jubileu de 1450 torna-se uma celebração do triunfo do papado sobre o movimento conciliar. O adiamento das reformas moderadas tornou mais provável a Reforma radical do século XVI.

1450. Francesco Sforza (1450-1466) é nomeado Duque de Milão por aclamação popular.

1450 – 1500. Governo dos Sforza em Milão. O novo duque de Milão assina a paz com Cosimo de Médici, de Florença, e com Nápoles, criando a tríplice aliança em Itália.

1453. Os Turcos conquistam Constantinopla, acabando com o Império grego do Oriente. O patriarca do Oriente deixa de ser uma força credível de oposição ao papado. Veneza que participou na defesa da cidade, e do império, vê os seus domínios no Mediterrâneo Oriental isolados e em perigo.

1455 – 1458. Calisto III, um aragonês anti-humanista, apoiou a luta contra o turco e defendeu ardente a família (Borgia), que promoveu descaradamente sendo um destes o futuro papa Alexandre VI.

1458 – 1464. Pio II. Humanista, ensaísta eloquente, orador e latinista reconhecido, foi um defensor da supremacia do papado, opondo-se obstinadamente à reforma conciliar. Tentou pregar a Cruzada contra os Turcos, mas não foi bem sucedido. Governou com o apoio da família, continuando o nepotismo.

1458 – 1494. Ferrante (Fernando I), um dos príncipes da Renascença mais notoriamente falho de escrúpulos. Conseguiu suceder ao trono com o apoio de Francesco Sforza e Cosimo de Médici. Ferrante apoiou a tríplice aliança italiana, excepto no período compreendido entre 1478 e 1480. O papa Inocêncio VIII (1484-1492), apoiou o pretendente angevino, mas o rei conseguiu fazer a paz e destruir a revolta aristocrática. Depois atacou o papa que só sobreviveu com o apoio de Florença. Inocêncio VIII acabou por garantir a sucessão em Nápoles, o que foi aceite por Alexandre VI, que por isso se opôs aos pedidos do rei francês Carlos VIII para ser investido como rei de Nápoles.

1463 – 1479. Grande Guerra contra os Turcos. O Negroponte foi abandonado por Veneza, mantendo-se a República sempre na defensiva. Pelo tratado de Constantinopla (1479) Veneza abandona Scutari e outros pontos na costa albanesa, passando a pagar um tributo anual para poder comerciar no Mar Negro.

1464 – 1471. Paulo II, cardeal veneziano, rico e bondoso, coleccionador de jóias e criador das corridas de cavalo do Corso. Centralizador, defendeu a cruzada húngara.

1464 – 1469. Piero de Médici, meio-inválido, governa Florença, após a morte do pai, Cosimo.

1466 – 1476. Galeazzo Maria Sforza governa Milão cruel mas habilmente, acabando assassinado.

1469 – 1478. Lorenzo e Giuliano de Médici governam Florença após a morte de Piero.

1471 – 1484. Xisto IV (Cardeal della Rovere). tentou consolidar os Estados da Igreja e reduzir o poder dos cardeais, apoiando-se na família para governar.

1471. A conciliação de Lourenço de Médici com o papa Xisto IV, fez com que a casa dos Médici visse confirmada os seus privilégios bancários e fosse nomeada recebedora dos rendimentos papais.

1474. O papa Xisto IV e o rei de Nápoles Ferrante são convidados a juntar-se à aliança entre Florença, Veneza e Milão, concluída neste mesmo ano. Os dois governantes não aceitam

1475 – 1480. Xisto IV aproxima-se de Ferrante de Nápoles, alienando os Médicis, que deixam de ser os banqueiros do papado, sendo substituídos pelos Pazzi. Estes, com o apoio do Papa, por meio da Conspiração dos Pazzi, mataram Giuliano de Médici e feriram Lourenço (1478), tentando apoderar-se do poder em Florença. Lourenço quase exterminou a família Pazzi, perseguindo os que conseguiram escapar. O papa lançou um interdito sobre Florença e excomungou Lourenço.

1476 – 1479. Gian Galeazzo Sforza, marido de Isabel de Nápoles, apoia Florença contra Nápoles, após a Conspiração dos Pazzi. O governo do ducado é usurpado por Ludovico, tio de Gian Galeazzo.

1479 – 1480. O interdito sobre Florença e a excomunhão de Lourenço de Médici, decretada por Xisto IV, terminou com a tríplice aliança entre Florença, Veneza e Milão que mantinha a balança do poder em Itália, e levou à guerra que envolveu quase todas as potências italianas. Afonso de Calábria invadiu a Toscânia, Veneza e Milão apoiaram Florença, Ferrante de Nápoles engendrou uma revolta em Milão, os Turcos atacaram Veneza e a peste reapareceu. Desesperado Lourenço visitou Ferrante, e por meio do seu charme e da afirmação de que apoiaria as pretensões francesas ao trono de Nápoles, conseguiu a assinatura da paz. A guerra terminou com a captura de Otranto (1480).

1479 – 1500. Ludovico (il Moro) de Milão, isolado diplomaticamente, após a morte de Lourenço de Médici apoia o apelos dos exilados napolitanos para Carlos VIII de França intervir em Nápoles, tendo a expedição (1494) dado início à perda da independência italiana. A seguir a Carlos veio Luís XII, de Orleães (1498-1515) que adicionou Milão às suas outras pretensões.

1482 – 1484. A aliança do papado com Veneza levou à Guerra com Ferrara. Veneza adquiriu Rovigo, terminando a sua expansão em Itália.

1478 – 1492. Lourenço de Médici ( o Magnífico), governa sozinho Florença. Continua genericamente a política de Cosimo. Teve o poder e o prestígio de um príncipe, sem nunca ter tido o título nem o cargo. O seu casamento com Clarice Orsini, uma das principais casas aristocráticas de Roma, foi o primeiro casamento com uma família principesca dos Médici.

1484 – 1492. Inocêncio VIII, cardeal genovês, foi o primeiro a reconhecer os filhos e a tomar refeições públicas em companhia de mulheres. Uma revolta aristocrática em Nápoles, com o apoio do papado e de Veneza, levou ao reavivamento das pretensões da casa de Anjou ao trono de Nápoles. Florença e Milão conseguiram a paz e uma amnistia para os revoltosos, mas a violação do acordo por Ferrante levou os exilados a apelarem à intervenção do rei de França Carlos VIII. O novo duque de Milão, Ludovico Sforza, aliou-se ao rei de França e permitiu a entrada do exército francês em Itália (1494).

1489. Veneza recebe Chipre, tanto por meio de dádivas como de extorsão, de Catarina de Cornaro, viúva de Jaime de Lusgnan.

1491. Girolamo Savonarola (1452-1498), prior da igreja de São Marcos em Florença desde 1491, eloquente pregador precursor da Reforma, começou a denunciar o novo paganismo do Renascimento, a corrupção do estado e do papado, prognosticando a ruína de Itália.

1492. Piero de Médici, sucedeu a seu pai, Lourenço o Magnífico no governo de Florença. Filho de uma Orsini e casado com uma Orsini, aliou-se secretamente com Nápoles para espoliar Milão,o que provocou a aliança de Ludovico Sforza com os exilados napolitanos que tinham chamado Carlos VIII de França a intervir em Nápoles (1494).

Personalidades - Religiões - Itália - PAPA ALEXANDRE VIEm 10 de Agosto de 1492, Roderigo Gil de Borja era eleito Papa e adotaria o nome de Alexandre VI
clique na imagem para ampliar

1492 – 1503. Alexandre VI, cardeal Borgia, membro de uma família aristocrática da Catalunha, foi um estadista activo mas completamente imoral, cuja vida foi um escândalo, mesmo de acordo com os estranhos padrões da Itália renascentista. O seu principal objectivo foi estabelecer a família na Itália central. Destruiu o poder das grandes famílias aristocráticas de Roma, como os Colonna e os Orsini, e por meio do seu filho segundo, César Bórgia (1457-1507), antigo cardeal e um dos principais personagens do livro de Maquiavel, O Príncipe, conseguiu conquistar a Romagna de que César se tornou duque até 1506, ano em que foi preso pelo Papa Júlio II e expulso para Espanha.